A Fundação Cultural Palmares publicou portaria nº 85/2021 certificando Bacalhau como remanescente de Quilombo.
A decisão foi comemorada pela comunidade situada no distrito de Santo Antônio do Pirapetinga, a aproximadamente 11 Km do município de Piranga.
A comunidade era denominada Santo Antônio do Bacalhau e em 30 de agosto de 1911 através da lei 556, passou a Distrito e denominado Santo Antônio do Pirapetinga e hoje conhecida pela maioria e acolhida pelos seus moradores como Bacalhau. Os primeiros moradores localizado no Distrito de Santo Antônio do Pirapetinga no século XVIII foram os portugueses, fazendeiros, donos de engenho em busca de ouro, através da exploração.
A Irmandade dos Homens Pretos cuidava da capela do Rosário, ornamentada com muito ouro e construída com tijolo adobe, onde faziam as comemorações da festa do Rosário. Já a ordem dos cavaleiros de Santo Antônio cuidava da capela do padroeiro da comunidade, onde em frente havia um casarão redondo com dois andares, o porão era alto e escuro onde castigavam os escravos, que trabalhavam na exploração do ouro. A varanda servia para monitorar os escravos na construção do muro da capela. Desmanchado no início do século XX, as madeiras do casarão, foram levadas para ajudar na construção das romarias no Santuário do Bom Jesus, onde o Jubileu teve início desde 1786, em homenagem aos mortos na batalha da Guerra dos Emboabas ocorrida em 1708 na comunidade, no local denominado Cotia, próximo ao Santuário.
Bacachau tem uma ligação direta com suas origens fincadas na comunidade quilombola cuja tradição ainda está presente na cultura, nas lendas, na culinária, nos costumes, no artesanato, etc.
Hoje o Conselho de Desenvolvimento Comunitário de Santo Antônio do Pirapetinga, que representa a comunidade Quilombola de Bacalhau, conta com os seguintes dirigentes: Presidente – Silvânia da Silva Veloso; Vice-Presidente – Maria do Carmo Araújo da Silva; 1° secretário – Sandra Aparecida da Assumpção; 2° secretário – Luciane Ezequiel Teixeira Câmara; 1° tesoureiro – Antônio Onésimo da Silva Júnior; 2° tesoureiro – Rosária do Carmo Luciano; conselho deliberativo – Eloisa Helena de Paiva Braga e Silva, Valdemar e Francisco da Silva Soares.
A corporação musical Bom Jesus foi criada em 1997, com intuito de melhorar o desenvolvimento dos músicos e abrilhantar as festividades locais, permanecendo ativa até os dias atuais.
Seguindo as tradições dos antepassados, comemoram-se a festa de Nossa Senhora do Rosário com o tríduo e Folia de Reis, com participação da banda de congo, realizada no mês de setembro sob responsabilidade do Sr. Valdemar e família e apoio de toda comunidade; a festa do Padroeiro Santo Antônio comemora com o tríduo, quadrilha, missa e distribuição do pão bento de Santo Antônio, pão feito pelos moradores da comunidade, benzido durante a missa e distribuído aos presentes; encomendações das almas antecipando a semana santa; o jubileu que acontece do dia 1º ao dia 15 de agosto anualmente, e missa todo dia 15 do mês com peregrinação dos fiéis até o Santuário do Bom Jesus; as rezas do mês de Maria com coroação; a festa de Sagrado coração de Jesus; o terço dos homens e o terço das mulheres; grupo de reflexão nas casas com partilha, as quais realizamos com produtos naturais como quitandas e sucos feitos com polpas de goiaba, pitanga, jabuticaba, etc.