ROSÁRIO NOVEMBRO NEGRO (Teatro Gamboa, Salvador)‏

19/11/2012

ROSÁRIO NOVEMBRO NEGRO




ROSÁRIO NOVEMBRO NEGRO



QUE O MEU GRITO POSSA SE SOMAR AO VOSSO GRITO, QUE O VOSSO GRITO SEJA O
MEU GRITO.

A ameaça ao território é uma ameaça à vida. É uma ameaça ao sentido de
pertencimento. É uma ameaça à cultura. É uma ameaça à religiosidade. É uma
ameaça aos valores humanos. As consequências sociais, ambientais, culturais e
históricas dos crimes de desterritorialização têm sido desastrosas e
dizem respeito a todos nós.

Em apoio à causa do quilombo Rio dos Macacos, dos índios Guarani Kaiowá,
dos índios Caiapós, e de tantas outras etnias indígenas e comunidades
quilombolas,
e de tantos povos no Brasil e no mundo, que vêm sendo massacrados, dizimados e
arrancados de suas terras, é que trazemos no mês de novembro mais uma temporada
do espetáculo Rosário. Este é um momento especial de reflexão em que se celebra
a consciência negra, é momento em que podemos nos voltar para refletir nossos
processos identitários, e chamar a nossa responsabilidade de brasileiros para
com outros brasileiros.
Rosário é uma fábula pessoal de mulheres, deusas e animais,
preparada para o espectador na forma de um ritual. O espetáculo se
inspira, em especial, na simbologia da coroação de reis negros, sempre viva nos
Congados Mineiros e em outros folguedos brasileiros. Essa experiência cênica
revela aspectos das formações identitárias brasileiras sob a perspectiva do
feminino, do encontro de culturas diversas em novo território, e da
religiosidade como estratégia de resistência e sobrevivência numa realidade
hostil. Ancorado no contato com manifestações populares como os reisados e
romarias da região do Cariri, na pesquisa vocal e na força dos cantos
tradicionais, o espetáculo solo da atriz Felícia de Castro manifesta um ritual
feminino e poético. Através de canções e explosões de textos, a atriz traz à
cena um rosário de mulheres em uma única prece. Um corpo dilacerado pelo trauma
da desterritorialização traduz no acontecimento cênico um ciclo de crueldade,
criatividade, luta e reinvenção de si mesmo pelo sagrado, pela beleza e pela
fé. Uma fábula pessoal que recria imagens de terra, mar, mãe, rainhas,
coroações, cortes e catarses.

O espetáculo é um solo que une o canto,
o teatro e a dança, traduzindo em uma obra dez anos de vivências da atriz
Felícia de Castro em manifestações populares brasileiras e pesquisas da arte do
ator. Através de um olhar que partiu da Bahia e alcançou as culturas do Ceará e
de Minas Gerais, a pesquisa realizou uma interlocução entre estados que
refletiu sobre as mestiçagens culturais que formam tantos povos e
histórias. Rosário teve pré-estreia na 10ª Mostra SESC Cariri de Cultura
em 2008 no Ceará, estreou em 20 de novembro de 2009, Dia Nacional da
Consciência Negra, no Teatro do ICBA em Salvador. Em 2010 fez nova temporada no
mesmo teatro contemplada pelo Prêmio Culturas Negras da Fundação Pedro Calmon
(SECULT), na Bahia. A trajetória criativa resultou na dissertação de mestrado
da atriz Felícia de Castro pelo Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas da
Universidade Federal da Bahia (PPGAC-UFBA) intitulada Ventos que Animam
a Terra – Voz e Criação na Trajetória do espetáculo Rosário. Em 2011, o
espetáculo participou de festivais e cumpriu sua terceira temporada. Em 2012,
integrou a programação do FILTE – Festival Latino Americano de Teatro.

SERVIÇO:
ONDE: TEATRO GAMBOA NOVA (Rua Gamboa de Cima, n° 3, Largo dos Aflitos)
DIAS: 09, 10, 23, 24 DE NOVEMBRO
QUANDO: SEXTAS E SÁBADOS às 20 h.
QUANTO: R$ 20 E 10.
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