O evento reúne povos indígenas que vivem na capital mineira e na região metropolitana – tais como os Pataxó e os Pataxó Hahãhãe da Aldeia Naô Xohã, localizada em São Joaquim de Bicas; os Xukuru Kariri da Aldeia Arapoã Kakyá, de Brumadinho; os Kamakã Mongoió, da Aldeia Kamakã Mongoió, também de Brumadinho; os Krenak do Leste de Minas; e os Aranã do Vale do Jequitinhonha. Participam das ações, ainda, representantes dos povos andinos Aymara e Quechua.
O Circuito Municipal de Cultura, projeto estratégico da Prefeitura de Belo Horizonte, é realizado por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, em parceria com o Instituto Odeon. Mais informações podem ser encontradas nas redes e no site do Circuito Municipal de Cultura.
Para a secretária Municipal de Cultura de Belo Horizonte, Eliane Parreiras, o evento destaca a riqueza e a multiplicidade das culturas indígenas. “A ‘Semana dos Povos Indígenas’ é um acontecimento importante na cidade tanto pelo valor simbólico e pela reunião dos diferentes povos, quanto pela excelência da programação. É uma ação da Prefeitura que reforça a importância dos povos originários, seus saberes, tradições e a relação dos mesmos com a contemporaneidade. Com essa realização, pretendemos contribuir para a promoção da cultura indígena por meio da arte e da cultura, ocupando diferentes espaços públicos no Centro da cidade”.
A presidente da Fundação Municipal de Cultura, Luciana Féres, celebra a realização da “Semana dos Povos Indígenas” e ressalta que o encontro é um acontecimento especial para a cidade. “O evento vai ao encontro das políticas de cultura do município relacionadas ao patrimônio cultural. O público poderá desfrutar de uma programação especialmente elaborada e construída a várias mãos, que se configura como uma ferramenta potente para fortalecer e destacar os saberes e as manifestações desses diversos povos que estarão presentes na programação”, afirma.
Programação
A “Semana dos Povos Indígenas” começa na quinta-feira, 26/1, com o ritual de defumação “Caminhos de Pachamama”, que acontece entre 10h e 12h, na Feira Abya Yala – localizada na Praça Afonso Arinos e reconhecida como a primeira feira indígena e imigrante de BH. Idealizado em 2002 pelo Comitê Mineiro de Apoio às Causa Indígena (CMACI), o espaço conta com 14 barracas de artes indígenas e duas de gastronomia. Entre os produtos estão peças artesanais produzidas pelos povos Kambiwá, Pataxó e pelas mulheres Aymara da Bolívia, além de tecidos, vestimentas e comidas típicas do Peru.
Neste importante ambiente de visibilidade às tradições indígenas, de encontros e de geração de renda, representantes dos povos Kambiwá, Aranã, Pataxó e Kamakã Mongoió, além dos andinos Aymara e Quechua, se reunirão durante o ritual para celebrar a diversidade, a ancestralidade e a espiritualidade. Após esse potente ato de defumação, limpeza e canto, articulado por meio da CMACI, a ação segue com a feira expositiva, cujo horário será estendido até às 17h.
Na sexta-feira (27), é a vez da roda de conversa “Memórias de Resistência Indígena de Minas Gerais”. A ação acontece no Museu da Moda (MUMO), entre 16h e 21h, com representantes dos povos Kamakã Mongoió, Xukuru Kariri, Kambiwá, Tikuna, Pataxó, Pataxó Hahãhãe, Aranã, Jaguaribara, Quechua e Aymara. Nesta roda, os participantes irão apresentar, refletir e discutir sobre suas principais demandas enquanto pessoas indígenas migrantes.
A conversa – que terá interpretação em libras – também busca refletir sobre a liberdade de circulação dos povos indígenas em todo o território do continente, bem como os principais desafios e potenciais dessas migrações. Vale ressaltar que a escolha do MUMO para a realização da atividade foi celebrada pelos indígenas de BH, que vêm construindo uma recente relação com o espaço – cujo acervo ganhará duas vestimentas de origem indígena durante a “Semana dos Povos Indígenas”.
“Em conversa com a diretoria do Museu, ficamos sabendo que só havia peças de origem ocidental, com influência europeia, como vestidos de gala e roupas de festa. Então, entendemos que era hora de demarcar o Museu com a presença indígena. Essa troca representa a nossa presença nos espaços historicamente embranquecidos. Nós queremos dizer: ‘esse país é terra indígena!'”, afirma Avelin Buniacá, professora e socióloga Kambiwá, que também atua como coordenadora da CMACI. “Serão doados dois trajes. Um deles é um poncho, que tem a ver com a presença dos povos indígenas dos Andes na cidade. O outro é utilizado pela maioria dos povos indígenas brasileiros, principalmente do Nordeste, e conta com um cocar de penas naturais, uma saiota feita de palha caruá e um top tradicional”, conta.
No sábado (28), às 19h, o Cine Santa Tereza recebe a sessão comentada do filme “A Mãe de Todas as Lutas”, de Susanna Lira. A exibição conta com os comentários da ativista, jornalista e escritora indígena Shirley Krenak, uma das protagonistas participantes do documentário. “A Mãe de Todas as Lutas” acompanha a trajetória de Shirley e de Maria Zelzuita, mulheres que estão à frente da luta pela terra no Brasil. Natural do Leste de Minas, Shirley carrega a missão de honrar a sabedoria das Guerreiras Krenak do estado; já Zelzuita é uma das sobreviventes do Massacre do Eldorado dos Carajás, no Pará. Formada em Jornalismo e Publicidade e Propaganda, a comentarista Shirley Djukurnã Krenak atua na defesa dos direitos indígenas e dos rios contra a mineração, e traz na bagagem dois livros publicados: “A Onça Protetora” e “Cartilha Krenak”.
Fechando a programação, no domingo (29), nos jardins do Teatro Francisco Nunes, o encontro de encerramento reúne representantes de vários povos para o compartilhamento de alimentos tradicionais, cantos, danças e saberes. Histórico ponto de encontro entre pessoas indígenas que vivem em Belo Horizonte e na Região Metropolitana, a Feira Hippie recebe significativamente a ação, que convoca as pessoas a celebrarem existências e resistências, a dançar e cantar juntos.
Sobre o Circuito Municipal de Cultura
Projeto estratégico da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, o Circuito Municipal de Cultura tem como objetivo promover a descentralização e a democratização do acesso a uma ampla programação artístico-cultural, atendendo a todas as regionais, valorizando e fomentando a produção cultural local dos diversos territórios da cidade. O Circuito Municipal de Cultura oferece programação contínua, em diversos formatos, a partir de ações descentralizadas nas nove regionais da PBH. São realizados shows, espetáculos cênicos, intervenções urbanas, exibição de filmes e mostras temáticas, além de atividades de reflexão e formação.
Lançado em dezembro de 2019, o Circuito Municipal de Cultura mantém o compromisso de oferecer programação cultural plural, com atrações gratuitas para todas as faixas etárias, destacando a produção local em todos os seus territórios e manifestações. Ao longo destes anos, o Circuito já realizou 628 apresentações nos espaços públicos das nove regionais da cidade, alcançando um público de mais de 700 mil pessoas, e contou com a participação de mais de 3.700 trabalhadores, entre artistas, Mestres da cultura popular, produtores e técnicos, reforçando seu importante papel de fomento, principalmente no período da pandemia de Covid-19.
No ano de 2022, o Circuito realizou 145 ações, com público estimado em 25 mil pessoas. Foram mais de 400 artistas envolvidos nesse período e aproximadamente 500 agentes da cadeia produtiva contratados, com maior destaque para artistas e fornecedores de Belo Horizonte e Região Metropolitana.
Serviço | Circuito Municipal de Cultura
“Semana dos Povos Indígenas”
Quando. De 26 a 29 de janeiro de 2023
Onde. Ações na Praça Afonso Arinos (Exposição Abya Yala), no Museu da Moda (MUMO), no Cine Santa Tereza e na Feira Hippie
Quanto. Atividades gratuitas e abertas ao público
Mais. Confira a programação completa