Etnobiologia: Seminário sobre fundamentos em métodos e teoria
Professor: Glenn Shepard, Museu Paraense Emílio Goeldi
Período: 3-14 de novembro de 2014, nos dias segunda, quarta e sexta feira
Horário: 08:30 as 11:30
Descrição do Curso:
A disciplina da etnobotânica, e logo a etnobiologia, nasce nos Estados Unidos a partir do final do século 20, inspirado especialmente pelos trabalhos sobre conhecimentos botânicos de índios norteamericanos realizados sob curadoria do etnólogo Franz Boas da Universidade de Chicago como parte da Exposição Mundial em Chicago em 1893. A disciplina ganha rigor metodológico e teórico a partir da década de 1950, com trabalhos em etnotaxonomia fundamentais feitos por Harold Conklin (1955) e o surgimento do movimento de “etnociência” (Goodenough 1956).
Na etnociência, o significado de um conceito ou termo emerge de uma análise formal da taxonomia de outros conceitos ou termos que pertencem ao mesmo domínio cultural-linguistico. A meta da etnociência é entender os sistemas de conhecimento de diferente culturas desde a conceição indígena, produzindo uma espécie de “esboço de mapa (‘sketch map’) do mundo da perspectiva dessa tribo,” e dessa forma entender “como este indígena mesmo classifica… os objetos e quais atributos ele seleciona como dimensões significativas para gerar uma taxonomia” (Frake 1964: 30).
A partir da década de 1970, Brent Berlin (Berlin, et al. 1973; Berlin, et al. 1974) se baseou em teorias e metodologias da etnociência para desenvolver a disciplina etnobiologia cognitiva (Berlin 1992) que tem sido de grande impacto em todos os trabalhos sucessivos. Desdobramentos mais recentes da etnobiologia tomam em conta aspectos políticos e históricos dos conhecimentos tradicionais, como por exemplo na etnoecologia e a ecologia histórica (Posey 1983, 1988; Toledo 1991; Alexiades 1997; Balée & Erickson 2006).
O curso oferece uma introdução a conceitos teóricos e trabalhos fundamentais na disciplina de etnobiologia, com ênfase nas perspectivas de etnotaxonomia, etnociência e etnobiologica cognitiva, concluindo com a consideração de desdobramentos mais recentes como a etnoecologia e a ecologia histórica.
Semana 1: Fundamentos
3 de novembro (segunda-feira): Bases históricas e teóricas da “etnociência”
• Robbins, Harrington & Freire-Marreco (1916): pp. 1-37; revisar “Lista de plantas” com especial atenção a pp. 41-54.
• Bartlett (1940)
• Frake (1964)
5 de novembro (quarta-feira): Etnobiologia: Teorias e debates formativos
• Bulmer (1967)
• Ellen (1979)
• Hunn (1982)
• Berlin (1992): Capítulo 1
7 de novembro (sexta-feira): Conceitos e metodologias
• Berlin (1992): Capítulo 5
• Alexiades (1996)
• Zent (1996)
• Phillips (1996)
Semana 2: Tópicos e Pesquisas Atuais
10 de novembro (segunda-feira): Analise de consenso
• Grant & Miller (2004)
• Sutrop (2001)
• Emperaire & Eloy (2008)
12 de novembro (quarta-feira): Taxonomias e diversidades
• Ruelle & Kassam (2011)
• Vadez et al. (2004)
• Piperata (2008)
• Fausto (2008)