O Fórum de Enfrentamento à violência contra as mulheres do Médio Jequitinhonha vem homenagear nesta semana, a Geralda Chaves Soares, conhecida como Gêra dos índios e das índias!
Nossa homenageada nasceu em Santana do Araçuaí, distrito de Ponto dos Volantes, em 31 de dezembro. Ainda menina, mudou-se para Araçuaí e começou a estudar no Colégio Nazaré.
Gêra é uma liderança muito expressiva na região do Vale do Jequitinhonha, sendo uma das maiores referências na temática indígena em todo o estado de Minas Gerais.
No início da sua juventude foi morar em Belo Horizonte para estudar. Ingressou na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) no curso de pedagogia. Neste período participou do movimento estudantil e atuou nos movimentos de resistência à Ditadura Civil-Militar.
Em 1973, Gêra voltou para Araçuaí e participou do Campus Avançado do Vale do Jequitinhonha, uma proposta do Projeto Fundação Rondon às universidades brasileiras, que tinha como objetivo o desenvolvimento social, econômico e cultural da região, com a participação da comunidade e da Universidade. Após a finalização o convênio com a Universidade, que pôs fim ao Campus Avançado, Gêra recebeu um convite da Comissão Pastoral da Terra (CPT), por meio da Diocese de Teófilo Otoni, Vale do Mucuri, para compor o Conselho Indigenista Missionário (CIMI).
Gêra foi trabalhar no CIMI, chegando a residir em Bertópolis, Santa Helena de Minas e Teófilo Otoni. Período em que somou à luta dos povos Maxacali, acompanhando o processo de luta por direitos. Após este período retornou para Belo Horizonte, onde trabalhou no Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (Cedefes). Nossa homenageada, acompanhou o processo de luta dos povos Kaxixó na região do São Francisco, Mucurim em Campanário e Pankararu-Pataxó, no Vale do Jequitinhonha.
Em 1993 retorna pra Araçuaí, auxiliando no processo de defesa da demarcação de território e de construção das Aldeias Apucaré em Coronel Murta em 1994 e Cinta Vermelha Jundiba em 2005. O processo territorial das referidas aldeias contaram com a parceria com a Diocese de Araçuaí. Nas aldeias foram construídos os encontros dos pajés, encontros de mulheres, plantas medicinais envolvendo aldeias de outras regiões.
No Vale do Jequitinhonha, além da luta indígena, Gêra contribuiu para a luta dos povos quilombolas, auxiliando no processo de organização das comunidades quilombolas para a obtenção do certificado de reconhecimento como tal e também nas lutas por políticas públicas específicas.
Gêra possui um grande acervo de livros, arquivos, gravações, fotos das lutas indígenas na região do Vale do Jequitinhonha, Mucuri, Rio Doce, Sul da Bahia., sendo autora dos livros “Borún do Watu : Os índios do Rio Doce (na ocasião dos 500 anos da América no ano de 1992)”e “Na trilha guerreira dos Bórun (no período dos 200 da colonização do Vale do Jequitinhonha)”.Ela realiza cursos de formação e palestras educativas sobre a formação social da nossa região, na qual, as lutas e resistências do povo indígena tem uma presença muito marcante.
Nossa homenageada teve o engajamento em outros movimentos culturais e sociais no município de Araçuaí e região, sempre pautando a luta pelo Bem Viver como Projeto de Vida e de Sociedade, que respeite a Mãe Terra, de modo que possamos viver com dignidade os seres humanos e dos demais seres vivos. Por isso, a pauta do meio ambiente e da defesa da água sempre esteve presente na luta da nossa querida Gêra.
