21/12/2024
Nesta semana, um marco histórico foi celebrado na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Otávio Kaxixó, 30 anos, colou grau em medicina, tornando-se o primeiro médico de seu povo. Pertencente à aldeia Capão do Zezinho, localizada às margens do Rio Pará, no município de Martinho Campos (MG), Otávio é agora símbolo de luta, resistência e conquista para os Kaxixó, um povo indígena com pouco mais de 89 habitantes aldeados.
Desde jovem, Otávio sonhava com a medicina, mas enfrentou muitos desafios pelo caminho. No entanto, sua determinação foi maior que as dificuldades. Em 2019, ele fez sua aldeia vibrar com a aprovação no vestibular da UFMG, uma das melhores faculdades de medicina do país. Hoje, ao concluir sua formação, Otávio não apenas realiza um sonho pessoal, mas escreve um capítulo essencial para a história de seu povo e da educação indígena no Brasil.
Para além da medicina, Otávio permanece conectado às raízes culturais de sua comunidade. Ele acredita que “não existe saúde sem envolvimento cultural”, destacando que seu papel vai além de médico: ele é também guardião dos costumes e rituais dos Kaxixó. Durante a cerimônia de formatura, a alegria de seu povo foi palpável. A aldeia celebra a vitória como uma conquista coletiva, pois, como afirmam os líderes indígenas, quando um indígena se forma, toda a nação indígena celebra.
Otávio espera que sua trajetória inspire outros jovens Kaxixó a buscarem a universidade, seja para medicina ou outros cursos. Segundo ele, a graduação é fundamental para repensar os meios de cuidado e fortalecer os territórios indígenas.
Com sua formação, Otávio Kaxixó não apenas representa um avanço na luta por mais representatividade indígena em áreas fundamentais como a saúde, mas também reforça que o ensino superior é espaço de todos os povos.
Agora, a aldeia Capão do Zezinho, de braços abertos, aguarda o retorno de seu primeiro doutor, que trará não apenas conhecimento científico, mas também a força e sabedoria ancestral de seu povo. Este é, sem dúvida, um momento histórico para os Kaxixó e para o Brasil.