10/12/2012
Uma excelente notícia para quem gostaria de mas não poderá estar lá: o seminário será transmitido pelos canais USTREAM e YouTube, ambos aqui linkados. É só verificar a Programação (que republicamos abaixo para facilitar) e conectar via internet! Republicamos, igualmente, a matéria sobre o Seminário, sem dúvida uma mais que elogiável iniciativa da UFMG, que dá um belíssimo exemplo aos seus “pares”, com um evento que com certeza será dos mais importantes deste ano, pelo menos. Se o título já é totalmente revelador, a programação segue a linha de coerência sobre o que deveria ser a concepção de mundo da academia, ao tratar os conhecimentos dos povos originários como saberes a serem respeitados e introjetados. Fora isso, olhar a lista dos “Intelectuais e líderes políticos homenageados” deveria ruborizar pessoas que organizam seminários para que PHDeuses se sucedam às mesas repetindo suas teses muitas vezes já bolorentas sobre povos tradicionais, quando não fazem pior, pretendendo falar em seus nomes. Parabéns à UFMG e aos acadêmicos que lá estiverem presentes, compartilhando e socializando saberes. TP.
A cosmociência dos Guarani, Mbya e Kaiowa e o reconhecimento acadêmico de seus intelectuais é o tema de seminário que a UFMG realiza nos dias 11 e 12 de dezembro, em parceria com o Museu do Índio/Funai, no Conservatório da UFMG (avenida Afonso Pena, 1.534). Está prevista a presença de 30 líderes políticos e rezadores, além de antropólogos e pesquisadores de diversas universidades e outras instituições.
Desdobramento do 44º Festival de Inverno da UFMG, o evento também é fruto de rede de solidariedade constituída na Universidade em favor da causa dos povos Guarani e Kaiowa, que conta com a participação de grupos e líderes indígenas do Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Segundo os organizadores do evento, entre os Guarani a prática do conhecimento dos seus intelectuais, denominados “rezadores”, sustenta e viabiliza a vida desses povos na terra. “Tais especialistas assumem funções centrais nestas sociedades. São, a um só tempo, grandes filósofos, historiadores, curadores e mantenedores do equilíbrio social, cosmológico e ambiental dentro de seus grupos. Escutá-los e reconhecê-los nesse lugar é a proposta do Seminário”, explicam.
Dentre os povos indígenas do país, os de línguas da família tupi-guarani se destacam não só pelo número de falantes, mas também por sua ampla distribuição no território. Os grupos falantes de guarani do litoral do Sudeste e do Sul (dialetos mbyá e nhandeva) e os do Mato Grosso do Sul (dialetos kaiowa e nhandeva) chegam a mais de 50 mil pessoas, constituindo o maior grupo indígena do país.
Programação
11/12
10h: Abertura
Cerimônia realizada pelos especialistas Guarani, Mbya e Kaiowa.
Palavras de acolhimento e abertura do seminário:
José Carlos Levinho, Museu do Índio-Funai | Efigênia Ferreira e Ferreira, Reitoria da UFMG | Ana Gita de Oliveira, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN | Deborah Lima, Departamento de Sociologia e Antropologia da UFMG | Nádia Heusi Silveira, FUNAI | César Guimarães, Festival de Inverno da UFMG | Tonico Benites, Aty Guasu, PPGAS Museu Nacional UFRJ, Dourados, MS.
14h: Ñande ypy. Origem do mundo.
Ñande ypy é um conceito guarani que inclui a origem dos seres e todas as coisas. Todos os suportes e estruturas do mundo são vinculados a estas origens.
Palestrantes Guarani, Mbya e Kaiowá:
Atanásio Teixeira, aldeia Limão-Verde, Amambai, MS | Pedro Gonçalves Tapari, aldeia Arroio Kora, Paranhos, MS | Salvadora Chamorro, aldeia Ypo’i, Paranhos, MS | Leonel Lopes, aldeia Kurusu Amba, Coronel Sapucaia, MS |
Talcira Gomes, aldeia Itapuã, Viamão, RS
Mediação: Deise Lucy Montardo (UFAM e Instituto Brasil Plural)
20h: Tava, a casa de pedra. Filme de Ariel Ortega, Ernesto de Carvalho, Patricia Ferreira, Vincent Carelli, Pernambuco, 2012, 78?.
Apresentação de Ariel Ortega e Patrícia Ferreira, aldeia Koenju, RS.
12/12
9h: Ore ava reko e ore rekoha. Nosso modo de ser e de viver no tempo-espaço.
Os comportamentos são para os povos guarani, kaiowa e mbya, modos de existência indispensáveis, que significam estar em boa relação com os seres visíveis e invisíveis. Garantir a existência harmoniosa e equilibrada no tempo-espaço é o trabalho constante dos seus xamãs e intelectuais.
Palestrantes Guarani, Mbya e Kaiowá:
Getulio Juca, aldeia Jaguapiru, Dourados, MS | Alda Silva, aldeia Jaguapiru, Dourados, MS | Rosalino Ortiz, aldeia Yvy Katu, Japorã, MS | Valério Vera Gonçalves, aldeia Panambi, Douradina, MS | Ângela Lopez Ramirez, aldeia Koenju, RS
Mediação: Nádia Heusi Silveira
14h: Ore Aty Guasu, jeroky, tekorã. Palavras de ação.
A recepção, a transmissão e o consenso das palavras orientam as ações. Estar na terra e lutar pela terra é uma forma de ser solidário a ela, pois ela está sofrendo, assim como as pessoas. É uma forma de ajuda mútua, de reciprocidade com ypy. Com que tipos de atos e instrumentos é possível fazer este trabalho cotidiano que pertence aos intelectuais, xamãs e pensadores indígenas?
Palestrantes Guarani, Mbya e Kaiowá:
Eliseu Lopes, aldeia Kurusu Amba, Coronel Sapucaia, MS | Atanásio Teixeira, aldeia Limão-Verde, Amambai, MS | Jorge Oliveira Gonçalves, aldeia Potrero Guasu, Paranhos, MS | Pedro Gonçalves Tapari, aldeia Arroio Kora, Paranhos, MS | Alcindo Wera Moreira aldeia M’Biguaçu, Florianópolis, SC
Mediação: Luciane Ouriques Ferrara
18h: Encerramento: Homenagem póstuma aos intelectuais Guarani, Mbya e Kaiowa
Oradores: Dionisio Gonçalves, aldeia Arroio Kora, Paranhos, MS | Fernando Gonçalves, aldeia Ypo’i, Paranhos, MS | Lide Solano Lopes, aldeia Pyelito Kue, Iguatemi, MS | Valmir Gonçalves Cabreira, aldeia Guaiviry, Ponta Porã, MS | Crecencia Flores, aldeia Guaiviry, Ponta Porã, MS
Intelectuais e líderes políticos homenageados
Marçal de Souza Tupã’i
Pancho Romero
Samuel Martins
Marcos Veron
Dorvalino Rocha
Dorival Benites
Xurite Lopes
Ortiz Lopes
Rolindo Vera
Genivaldo Vera
Nísio Gomes
Osmair Fernandes
José Barbosa de Almeida (Zezinho)
Rosalino Solano Lopes
Eduardo Pires
Paulito Aquino
Delosanto Centurion
Lázaro Morel
Lauro Concianza
Teodoro Ricarde
Amilton Lopes
Osvaldo Lopes
Adelio Rodrigues
Francisco Benites Romeiro
Rosalino Ximenes
Tomazia Vargas
Dom Quitito Vilhalva
Mario Vera
Mario Turiba
Ilario Cario
Felix Pires
Tradutores: Tonico Benites, Dourados, Museu Nacional, UFRJ | Izaque João, aldeia Panambi, Douradina, MS | Oriel Benites, aldeia Limão Verde, Amambai, MS | Genito Gomes, aldeia Guaiviry, Ponta Porã, MS | Geraldo Moreira, aldeia M’Biguaçu, SC | Vherá Poty Benites, aldeia Itapuã, Viamão, RS
Participantes
Convidados rezadores ñanderu Guarani, Mbya e Kaiowa e pesquisadores indígenas de Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
Tonico Benites, antropólogo, UFRJ, Museu Nacional, Dourados, MS
Atanásio Teixeira, aldeia Limão-Verde, Amambai, MS
Jorge Oliveira Gonçalves, aldeia Potrero Guasu, Paranhos, MS
Pedro Gonçalves Tapari, aldeia Arroio Kora, Paranhos, MS
Dionisio Gonçalves, aldeia Arroio Kora, Paranhos, MS
Salvadora Chamorro, aldeia Ypo’i, Paranhos, MS
Fernando Gonçalves, aldeia Ypo’i, Paranhos, MS
Lide Solano Lopes, aldeia Pyelito Kue, Iguatemi, MS
Leonel Lopes, aldeia Kurusu Amba, Coronel Sapucaia, MS
Getulio Juca, aldeia Jaguapiru, Dourados, MS
Alda Silva, aldeia Jaguapiru, Dourados, MS
Valmir Gonçalves Cabreira, aldeia Guaiviry, Ponta Porã, MS
Crecencia Flores, aldeia Guaiviry, Ponta Porã, MS
Genito Gomes, aldeia Guaiviry, Ponta Porã, MS
Izaque João, aldeia Panambi, Douradina, MS
Karlene Pires, Dourados, MS
Eliseu Lopes, aldeia Kurusu Amba, Coronel Sapucaia, MS
Rosalino Ortiz , aldeia Yvy Katu, Japorã, MS
Valério Vera Gonçalves, aldeia Panambi, Douradina, MS
Oriel Benites, aldeia Limão Verde, Amambai, MS
Vherá Poty Benites, aldeia Itapuã, Viamão, RS
Talcira Gomes, aldeia Itapuã, Viamão, RS
Ariel Ortega, aldeia Koenju, RS
Patrícia Ferreira, aldeia Koenju, RS
Ângela Lopez Ramirez , aldeia Koenju, RS
Geraldo Moreira, aldeia M’Biguaçu, SC
Rosa Mariani Cavalheiro, aldeia M’Biguaçu, SC
Alcindo Wera Moreira Aldeia M’Biguaçu, Florianópolis, SC
Mais informações podem ser obtidas na página do Facebook do evento.
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Compartilhada por Janete Melo.
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