URGENTE!!! Famílias quilombolas, em Januária, norte de MG, organizadas para produzir comida no seu território tradicional, comunicam que estão sendo ameaçadas por homens que se identificam como guardas da antiga fazenda Itapiraçaba

09/04/2022

Relata-se que, os “guardas” estiveram no local hoje com a Polícia Militar, que não fizeram o despejo das famílias por constatarem posse consolidada, inclusive com plantações
crescidas. Contudo, segundo as famílias, os guardas, por conta própria derrubaram um dos barracos, fez “xingamentos”, e as ameaçaram com falas tipo “esta noite a patrol tem muito que trabalha. E a fonte de água mais próxima às famílias apareceu cortada, em seguida.
Destarte, o evento de hoje é grave, deu-se numa área de trabalho planejada para plantações por quilombolas das comunidades dos arredores, como Gameleira, Tabua,
Sangradouro Grande e outras. As famílias continuam juntas na moradia precária na área de retiro, onde um grupo de familiares se abrigaram na sede da fazenda e proximidades.
Tal ocorrido se dá dentro de uma série de violências que vem ocorrendo, há tempos, com as comunidades daquele grande território quilombola, com histórico de grilagem por fazendeiros e aliados. Os conflitos tornaram-se mais visibilizados com a retirada de famílias das beiras do rio São Francisco para as terras altas, devido às enchentes deste início de ano, como foi o caso das comunidades de Croatá, Sangradouro Grande e Gameleira. Foram perdidas casas, plantações e quase toda a estrutura de produção.
Diante das ameaças, as famílias pedem que os órgãos competentes e pessoas de boa vontade fiquem em alerta e ajam em seu socorro, já que precisam prover o seu sustento na
terra, encontram-se em situação de vulnerabilidade alimentar e nutricional. Portanto, precisam ocupar e cultivar o seu território tradicional quilombola conforme seu modo de vida.
As famílias conclamam, ainda, os órgãos do Estado, organizações da sociedade civil e cidadãos comprometidos com a dignidade da vida, para somarem numa força tarefa em prol da regularização deste território quilombola do morro do Itapiraçaba, município de Januária/MG.
Os conflitos estão cada vez mais intensos e as famílias afirmam não terem como recuar, pois o momento político e econômico do país desencadeia crescente escassez de
alimento nas suas panelas. Também, estão escassas as condições de moradias e o trabalho que lhes é roubado no campo, também falta na cidade!

Conselho Pastoral dos Pescadores – CPP
Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais do Brasil – MPP
Contato: cppminasgerais@gmail.com

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